Ontem comecei e hoje terminei (só porque deixei umas 20 páginas para não acabar ontem) a semi-re-leitura do livro "A câmara clara" do Roland Barthes, um clássico no mundo da fotografia.
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Este é um livro que posso dizer que foi uma semi-re-leitura já que ainda não tinha o lido de capa a capa, mas já tinha lido muitos trechos e muito mais ainda citações em outros livros, já que acabou se tornando uma das grandes referências no pensamento sobre a fotografia.
O autor começa com uma pergunta que é basicamente a mesma que tenho feito há alguns anos, sobre o que É a Fotografia em si, o que a difere de outras imagens, e no decorrer do livro analisa, de uma forma pessoal, como ela pode ser desmembrada em termos de acordo com o que ela causa no observador (no autor).
Como outros livros nessa linha, ele não dá respostas sobre suas perguntas, mas ajuda no caminho do pensamento sobre elas (é, ele não respondeu minha dúvida sobre o que É a Fotografia - e eu nem esperava isso), mas faz mais uma análise particular sobre o que significa para ele, questionando os porquês.
Acho que o trecho que mais concordei com o autor é quando em uma análise sobre o significado de uma foto de seus pais ele diz que "... quando eu não estiver mais vivo, ninguém poderá mais testemunhá-lo: não restará mais que a indiferente Natureza." mas, no final, concordo que a única coisa que uma fotografia realmente pode nos mostrar é o "Isso foi".
A leitura, para meu gosto, é muito poética, costumo preferir algo mais "de exatas", mesmo em livros de humanas, mas é uma leitura que vale a pena ser lida por quem quer pensar a fotografia. No meu caso ainda interessante por nos meus pensamentos agora poder embasar dizendo "diferente do que defende Barthes...".
Este livro aborda, basicamente, com muitos exemplos e muitas referências, o mercado da arte contemporânea, sua influência na liberdade artística e o peso ético da escolha do artista ao se associar (ou melhor, ser aceito) neste clube - sempre pensando no clube dos milhões, não dos artistas simples mortais.
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O livro tem seus prós e contras:
De maneira geral, gostei bastante, dá para entender a ideia, dá para entender os exemplos citados e dá para ter muitas referências para próximas leituras para aprofundar no tema e no pensamento.
Usando um termo que a esposa de Charles Darwin disse para ele no documentário O Desafio de Darwin (se quiser a versão original: Darwin's darkest hour), mais uma vez acabei lendo um livro desses "horríveis alemães estudiosos".
A primeira vez que eu li este texto foi durante a pós em fotografia e ele aborda as mudanças na arte com a técnologia e reprodução. Podemos facilmente trazer o texto para o "hoje", na contínua era da reprodutibilidade técnica, onde se enquadra perfeitamente com o tema fotografia, que é abordada várias vezes (assim como o cinema).
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Inclusive, tenho pensado atualmente sobre como é covarde negar a reprodutibilidade da fotografia, a numerando e limitando sua tiragem, a convertendo à força em mais um produto facilmente aceito pela industria cultural no mercado da arte. Acho que isso mostra como tem muito "fotógrafo" que é muito mais um comerciante que alguém que realmente sabe jogar com as características que a fotografia apresenta, principalmente a digital.
Como diferença de leitura (o li entre ontem e hoje) e a vez passada, há alguns anos, agora li uma versão impressa e não um pdf. O texto em si é curto e, mesmo ele sendo um dos "horríveis alemães estudiosos", não é uma leitura tão pesada e consegue fluir.
Hoje terminei de ler o livro "Como criar uma fotografia", de Mike Simmons, lançado no Brasil pela Editora Gustavo Gili (GG), uma das minhas editoras preferidas no quesito livros de fotografia/arte.
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A primeira coisa que posso dizer é que o título não revela o quanto o livro traz de conteúdo. Seu título original, em inglês, é Making photographs: planning, developing and creating original photography (Fazendo fotografias: planejando, desenvolvendo e criando fotografia original).
Sua leitura algumas vezes me lembrou o livro Gesto Inacabado, da Cecília Almeida Salles, que trata do processo criativo na arte, mas com um foco direcionado e prático para a fotografia, abordando desde a escolha do tema de um projeto fotográfico, formas de pesquisa, execução, finalização de seu processo etc., sempre com muitas dicas práticas e exemplos fotográficos.
Além disso, por tratar o processo criativo na fotografia, é um ótimo livro para quem quer entender melhor a fotografia contemporânea que, como sabemos, não está presa exclusivamente a imagem em si, mas a toda uma ideia e execução.
Hoje pela tarde terminei de ler o livro "Gesto Inacabado - Processo De Criação Artistica", de Cecilia Almeida Salles, que trata sobre o estudo do processo criativo usando como muitas referências citações de artistas renomados.
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Além do processo criativo em si, dando exemplos de onde ele pode vir, ou seja, a obra artística como um resultado de todo o repertório do artista baseado no que ele viu, leu, sentiu, pensou etc. etc. etc. é interessante por abordar as ferramentas que podem ser usadas para estudo e possível entendimento do processo criativo de um artista por outra pessoa, como os seus diários, livros de artistas, referências, citações etc., trazendo um método científico para estudar o funcionamento do processo criativo.
Também achei a abordagem bem interessante porque coincide com uma tendência que tenho notado há algum tempo das exposições trazerem, além das obras em si, documentos que trazem indícios de como se deu o processo de criação, como livro de artista, esboços, estudos, obras inacadabas etc.
Além disso, também aborda sobre a "finalização" de uma obra de arte, sobre como é seu processo de criação, o que pode ser entendido como as fases "inacabadas" e como o artista sabe que chegou a hora de "terminar" sua obra.
Esses dias li o livro "Industria Cultural e Sociedade", uma compilação com 3 textos de Theodor Adorno, filósofo alemão do início do século passado, cunhador do termo indústria cultural, e que eu nunca havia lido.
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Assim como outros filósofos alemães do século passado (ou retrasado), a leitura de seus textos são chatas e deve-se levar em conta quando foram escritos. Muitas coisas que, para a década de 1960 deviam ser grandes ideias ou previsões, como pensar que: no futuro os filmes estarão dentro das casas das pessoas para vender produtos assim como acontece com o rádio, hoje acabam sendo lidas/entendidas como óbvias.
Entretanto, para quem quer realmente entender de onde vem termos usados atualmente por muitos autores, essa é uma das fontes originais do pensamento.
Este livro é dividido em 3 capítulos/textos:
Depois de ler o livro Como criar uma fotografia, de Mike Simmons, hoje (literalmente hoje, o li em um dia) foi a vez do "O design da fotografia", de Jeremy Webb, também lançado no Brasil pela Editora Gustavo Gili (GG), uma das minhas editoras preferidas no quesito livros de fotografia/arte.
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Este é um livro que trata de composição fotográfica, mas com uma ênfase nas teorias do design e como ele mesmo diz: "O design e a composição são como dois lados de uma mesma moeda - o design representando o processo; a composição o resultado".
O livro é dividido em 7 capítulos, sempre embasando a aplicação de uma teoria de design à fotografia a partir de textos e imagens exemplo, além de estudos de caso e exercícios para o leitor. Além disso, bem ao final do livro tem um capítulo extra sobre "Ética fotográfica". Eu quase passei batido por este capítulo, já que ele está após o glossário e índice remissivo, mas como realmente leio todas as páginas dos livros que leio (até a ficha catalográfica) o "encontrei" e realmente é um capítulo extra, de poucas páginas, que vale a pena ser lido.
Para quem nunca leu um livro sobre composição, ou só leu livros sobre composição que usam como exemplo as "regras básicas" como dicas, este é uma ótima opção para entender melhor como funciona a leitura de uma imagem e porque algumas fotografias "funcionam" e outras não (como sempre falo: para aprender a fotografar você não deve se limitar a estudar fotografia pura e este livro faz uma boa ponte entre fotografia e design).
Sabe aqueles livrinhos que durante uma "garimpada" em um sebo você acaba achando por "dois Real" (ou menos ainda, aquele livrinho que você ganha no sebo por já estar saindo de lá com uma caixa cheia de livros sobre fotografia)? Este é um livro que consegui em alguma dessas situações, na verdade não lembro nem como nem onde, mas seu conteúdo vale MUITO mais que seu material.
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Sendo um livro como considero que os livros sobre fotografia devem ser: sem fotografias, ele traz em uma linguagem simples e agradável (e nem por isso deixa de ser embasada) textos sobre alguns questionamentos que podem ser feitos ao redor do tema Fotografia, como diz em sua contra-capa:
Afinal, o que é fotografia? A possibilidade de parar o tempo, retendo para sempre uma imagem que jamais se repetirá? Um processo capaz de gravar e reproduzir com perfeição imagens de tudo que nos cerca? Um documento histórico, prova irrefutável de uma verdade qualquer? Ou a possibilidade mágica de preservar a fisionomia, o jeito e até mesmo um pouquinho da alma de alguém de quem gostamos? Ou apenas uma ilusão?
Ou seja, é um livro que não aborda técnica fotográfica, não aborda composição, mas trata do pensamento sobre o que é uma fotografia.
Mais um livro finalizado durante esta pandemia (não que eu não leria em "tempos normais", se é que existe um significado para o "normal"... o pior é que estou começando a nem achar tão ruim este isolamento social), mas voltando ao tema da postagem, finalizei o "Para Entender Uma Fotografia" de John Berger.
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Este livro é uma coleção de textos publicados pelo autor entre 1968 e 2007 e, normalmente como livros neste formato, sempre tem alguns capítulos que considero espetaculares (como o que dá nome ao próprio livro, o Usos da fotografia e o Aparências: A ambiguidade da fotografia) e outros que eu penso: "ok, tá bom, legal, próximo...".
Alguns dos textos abordam de uma maneira mais filosófica o que é em si a fotografia (meu atual interesse de estudo e foram meus capítulos preferidos), já outros fazem uma análise do autor sobre algum fotógrafo ou ensaio fotográfico, o que, até com a ajuda dos próprios textos do autor sobre a fotografia em si, faz com que eu ache estes "textos de curadoria" cada vez mais desnecessários e que dizem muito mais sobre quem escreveu do que sobre quem fotografou ou sobre a fotografia.
Além disso, ele sempre aborda em seus textos suas posições políticas (que não discordo) justificando assim suas interpretações fotográficas.